8/17/2010

Pipocas da Vida.





“Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre. Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo, fica do mesmo jeito a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosa. Só que elas não percebem e acham que seu jeito de ser é o melhor jeito de ser. Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos: a dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, o pai, a mãe, perder o emprego ou ficar pobre. Pode ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão ou sofrimento, cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso do remédio: apagar o fogo! Sem fogo o sofrimento diminui. Com isso, a possibilidade da grande transformação também. Imagino que a pobre pipoca fechada dentro da panela, lá dentro cada vez mais quente, pensa que sua hora chegou: vai morrer. Dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode imaginar um destino diferente para si. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada para ela. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo a grande transformação acontece: BUM! E ela aparece como uma outra coisa completamente diferente, algo que ela mesma nunca havia sonhado. Bom, mas ainda temos o piruá, que é o milho de pipoca que se recusa a estourar. São como aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. A presunção e o medo são a dura casca do milho que não estoura. No entanto, o destino delas é triste, já que ficarão duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca, macia e nutritiva. Não vão dar alegria para ninguém”

Rubem Alves.



Milho de pipoca 

O fogo
A transformação





















A reflexão que me trouxe este texto é de que, precisamos sim passar pelo fogo para haver algum tipo de transformação em nós, temos que deixar as informações, sentimentos, relações nos atravessar, reverberar e “estourar” de forma adicionada há coisas já impregnadas na nossa vivência. Mas gostaria de jogar o foco em como atravessar por esta metamorfose. Acredito que a paciência seja a mais importante responsável por uma bela consequência. Não adianta pularmos etapas da vida, o ciclo deve ser respeitado. Devemos aceitar as consequências de nossas ações, mesmo a de fingir uma neutralidade diante de novas informações. Neste pensamento de etapas, também é pertinente sabermos que cada “pipoca”, tem um tempo e forma única.  Neste mundo contemporâneo de imediatismos, devemos lutar e nos dar o direito de entender o que é o esquentar, o que é passar pelo medo de se transformar no novo. Entender que este é um processo natural, as transformações veem. Isso é fato. 

O que faremos e como faremos com estas novas e quase que revelações, é o que eu definiria como " maturidade ". 







Eu acredito em profundidades....

Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo. 
Sei chorar toda encolhida abraçando as pernas.
Por isso, não me venham com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa.
Venha a mim com opiniões formadas, alma, vísceras, tripas e ideais.
Eu acredito é em alegrias explosivas, em olhares faiscantes, em sorrisos com os olhos, em xingamentos amáveis, em abraços que trazem pra vida da gente.
Acredito em coisas sinceramente compartilhadas.
Em gente que fala verdades, na voz e no conteúdo.
Eu acredito em profundidades.
E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos.
São eles que me dão a dimensão do que sou.



Bjs 
Aline Braga
☻♥

Palavras ao vento...